segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Introdução à Espionagem na Guerra Fria

Estas são algumas das técnicas de espionagem utilizadas pelos espiões durante a guerra fria.
Do bloco capitalista destaca-se a CIA(Central Intelligence Agency), do bloco socialista destaca-se o KGB(Comité de Segurança do Estado).


Técnicas de Espionagem

-Tinta invisível: utilizada pela Alemanha Oriental em 1980.

Esta tinta era utilizada pelos agentes do governo, esta só podia ser vista no papel quando submetida a raios ultra-violetas.


-Sapato transmissor: utilizado pela URSS em 1960.

Este era utilizado para monotorizar conversas secretas durante a guerra.


-Relógio de Pulso: utilizado pela Alemanha Ocidental em 1949

Este continha um pequeno filme circular que tinha a capacidade para cerca de 6 fotos.


-Casaco fotográfico: utilizado pela URSS em 1976

Este casaco continha uma câmara fotográfica que ficava escondida de trás do botão falso, que se abria para tirar a foto.


-Lança-gás: utilizado pela URSS em 1950

Este foi criado com o objectivo de matar silenciosamente sem deixar qualquer pista.
Dentro do cano da arma encontrava-se um pequeno frasco que continha ácido.
Ao primir o gatilho esse ácido tornava-se num gás fatal, a vítima acabava por morrer intoxicada.


-Beijo da morte: utilizado pela URSS em 1965

À primeira vista não passa de um mero batom, mas na verdade é uma pistola de calibre 4,5 mm.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Documentário sobre a Espionagem na Guerra Fria

Doutrina Truman, Plano Marshall e a formação da OTAN



Quando em 1945 os aliados (EUA, Inglaterra e URSS) derrotam o eixo (Alemanha, Japão e Itália) e põem fim à Segunda Grande Guerra, a Europa tinha sofrido grandes perdas humanas e materiais, visto que, a guerra atingiu os seus territórios, com excepção dos Estados Unidos, viam-se assim com um grave problema em mãos, uma crise económica e social.
Por esta altura destacavam-se duas superpotências: os Estados Unidos, que a nível económico beneficiaram com a 2º Guerra Mundial, e a União Soviética por outro, que apesar das enormes perdas tinha uma economia capaz de igualar a americana ou superar, algo que se verificou uns anos mais tarde. Os dois gigantes lutavam assim, pelo controlo dos mercados dum lado, e por outro lado, pela expansão do comunismo.
A ascensão do comunismo, como aconteceu na Europa de Leste e na Ásia, tornava a organização política, social e económica dessas áreas impróprias para consumo do sistema capitalista.
Os regimes comunistas que emergiram e constituíram uma ameaça ao capitalismo foram:
Jugoslávia  em 1945
Albânia e Bulgária em 1946
Polónia e Roménia em 1947
Checoslováquia em 1948
Hungria em 1949
República Democrática Alemã Oriental (RDA) em 1949
Na Ásia o comunismo surgiu em países como:
Vietname em 1945
Coreia do Norte em 1948
China em 1949
Tibete em 1950
Era então necessária a intervenção do bloco ocidental.
O início do combate ao Comunismo
Na América, o presidente Franklin D. Roosevelt, morre em Maio de 1945, e em seguida, em 1946, dá-se a subida de Harry Truman ao poder, e ainda a eleição de um congresso predominantemente republicano e conservador, relacionado, na sua grande maioria, às indústrias de armamento e actividades anti-comunistas, levando ao aumento das tensões entre os dois países.
O ideal de luta anti-comunista foi consumado com o discurso do ex-Primeiro Ministro Inglês, Winston Churchill, no Missouri, a 5 de Março de 1946, em que este emprega a célebre expressão «cortina de ferro» para designar a divisão da Europa. Churchill defendia que cabia à Grã-Bretanha e aos Estados Unidos encabeçarem a luta contra a cortina de ferro que se abateu sobre a Europa.
Doutrina Truman e o Plano Marshall
Em 1997, no 50º aniversário do Plano Marshall, o ex-chanceler alemão Helmut Schmidt recordava, “No inverno de 1946-47, havia dias em que não nos levantávamos da cama, porque não havia para comer e nada que queimar para nos aquecermos”.
A Alemanha era uma montanha de escombros, assim como toda a Europa. A economia estava igualmente devastada, os racionamentos eram exíguos e rigorosos, faltavam máquinas e matérias-primas. Era necessário salvar a Europa.
Para isso, em 1947, Harry S. Truman apresentou um conjunto de princípios orientadores da política externa norte Americana que deu origem à Doutrina Truman.
Esta doutrina defendia o auxílio de qualquer país que estivesse ameaçado pelo comunismo. Por esta altura todos se voltaram para o secretário de estado, ex-chefe do Estado Maior e admirado general da Segunda Guerra Mundial, George Marshall.
Marshall discursa na Universidade Harvard, a 5 de Julho de 1947, onde apresenta o seu programa de recuperação europeia. Este plano, recebido com grande entusiasmo dos europeus, requeria ainda uma aprovação final dos países envolvidos. O governo francês, pressionado pelo partido comunista e com a aprovação de Washington convidou Moscovo a participar na criação do programa de recuperação europeia. Face a insistência dos EUA de que o plano fosse objecto de consenso e coordenação entre todos, o ministro dos negócios estrangeiros soviético, Viadleslav Molotov, deixou o programa levando consigo a Polónia e Checoslováquia.
Após a recusa Russa, iniciaram-se, nas margens do Sena, as reuniões does 16 membros para o plano de recuperação europeia: Áustria, Bulgária, Dinamarca, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal – que recusou o primeiro convite – Reino Unido, Suécia, Suíça e Turquia. Ainda se juntaria ao grupo a Alemanha, por insistência dos americanos. A participação da Espanha foi vetada por Truman devido à filiação com o regime nazi por parte de Franco, a não participação foi um facto lamentado por George Marshall.
Os números apresentados ao congresso republicano para o plano de ajuda à Europa, 13 biliões de dólares, foram aprovados, em parte, pelo Golpe de Praga, em 1948, que tornava a Checoslováquia um estado comunista. Acheson comentava assim sobre este acontecimentos: «Podíamos sempre contar com os russos para fazer uma jogada que nos conviesse». Truman assina o Foreign Assistance Act, a 3 de Abril de 1948. Com a concretização de este plano estava, assim, dividida a Europa, opondo de um lado os que aceitaram, como os países da Europa Central e Ocidental, e por outro, os que estavam sob influência soviética e recusaram o plano.
Sobre o funcionamento e sucesso deste plano Niall Ferguson, no seu livro A mais nobre aventura:  o Plano Marshall e o momento em que os EUA ajudaram a salvar a Europa, escreveu:
Nenhuma política até então parecia resolver a falta de dólares – o facto de que uma Europa exausta não conseguia dinheiro estrangeiro o suficiente para pagar as importações necessárias vindas dos EUA. Behram mostra como o Plano Marshall resolveu este problema. Um agricultor francês que precisasse de um tractor norte-americano comprava-o com francos franceses. A administração de Cooperação Económica (braço executivo do Plano) consultaria o governo francês a respeito da transacção. Se fosse aprovada, o fabricante do tractor, nos EUA, seria pago com fundos do Plano Marshall. Os francos do agricultor, por sua vez, iriam para o Banco Central da França, permitindo que o governo francês gastasse esse dinheiro na reconstrução, [poupando a sua reserva de dólares]. O Plano Marshall fazia duas coisas ao mesmo tempo, aliviava a pressão na balança de pagamentos francês enquanto bombeava dinheiro para o plano de recuperação local. Ele tinha um efeito multiplicador, para usar o termo do economista John Maynard Keynes. De acordo com um observador da época, cada dólar Marshall estimulava de entre a 4 a 6 dólares em produção europeia.
Este plano foi apelidado por personalidades como Winston Churchill como «o acto mais puro da história da nações», e viria a dar a George Marshall, em 1953, o prémio Nobel da Paz.
 A criação da OTAN
Depois de assegurada a unificação de grande parte da Europa a nível económico, era agora necessário haver a mesma unificação a nível político e militar.
Em 1949 é então criada a Organização do Tratado do atlântico Norte (OTAN). Os países fundadores da OTAN – Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França, Holanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal e Reino Unido – comprometeram-se a se defender mutuamente no caso duma eventual agressão militar.
A participação dos Estados Unidos garantia que qualquer incursão militar estivesse destinada ao fracasso. Este tratado garantia, simultaneamente, que as políticas de defesa nacional se tornariam progressivamente mais integrantes e interdependentes.
A criação da OTAN foi motivada pelo Bloqueio de Berlim, que será explorado mais à frente quando falarmos dos principais conflitos, contudo o auge da corrida às estruturas militares foi atingido no início dos anos 50 com o culminar da Guerra da Coreia. Novamente, a presença militar na Europa foi um factor decisivo para evitar uma agressão ao velho continente.
Em 1952, a Grécia e a Turquia, seguidas, em 1955, pela República Federal da Alemanha, e em 1982 a Espanha. A OTAN e o Plano Marshall foram consideradas por Truamn «as duas faces de uma mesma moeda»
 O fim da Guerra Fria e a OTAN
Nos anos noventa, com a queda da União Soviética, os países da OTAN, até aí empenhados na defesa militar, reduziram a sua despesa em 25%, nalguns casos.
Ainda que a ameaça comunista tenha desaparecido, novos conflitos eclodiram, tornou-se claro então que cabia aos países da OTAN intervir e manter a paz nessas regiões, impedindo assim que as tensões se espalhem. A OTAN assegurava assim a cooperação entre os países-membros com o objectivo de garantir a segurança dos mesmos.



O que foi a Guerra Fria?

Guerra fria foi a disputa pela hegemonia mundial entre os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas após a Segunda Guerra Mundial.
Foi uma guerra económica, política, militar, social e ideológica pela conquista de zonas de influência. Esta dividiu o mundo em dois blocos antagónicos com diferentes sistemas económicos e políticos. Por um lado esteve o bloco comunista, encabeçado pela URSS, e por outro lado, o bloco capitalista, liderado pelos EUA.
A guerra fria provocou uma corrida armamentista com a duração de 40 anos, que ameaçou o mundo com uma guerra nuclear.
É chamada de Guerra Fria, pelo facto, de um confronto directo entre os dois blocos nunca ter acontecido pela inviabilidade da vitória de um dos blocos e face a destruição do mundo resultante de um eventual conflito atómico.
Quando teve início?
Com o fim da Segunda Grande Guerra, os soviéticos controlavam toda a Europa de Leste, enquanto os americanos mantinham influência no resto do território europeu.
Com a Doutrina Truman – em que cabia aos Estados Unidos manter o mundo capitalista livre da influência comunista – é lançada uma campanha de ajuda, económica e política, aos países que se opõem ao bloco socialista. Exemplo disto é o auxílio prestado na instauração de ditaduras militares na América do Sul, derrubando assim regimes comunistas, e ainda o Plano Marshall, em que foram disponibilizados 13 biliões de euros para a reconstrução da Europa, que tinha sido devastada com a Guerra e onde os partidos comunistas estavam a crescer.
Quanto à URSS, transformou os países de Leste em regimes comunistas, sob forte influência soviética, dando origem a uma política isolacionista. O que deu origem à chamada «cortina de ferro».
O aumento das tensões e o fim da guerra fria
Com o primeiro teste nuclear por parte dos soviéticos, em 1949, torna-se evidente a capacidade de estes se baterem militarmente com os Estados Unidos. Estava assim inaugurada a corrida nuclear.
Em 1952, é testada a primeira bomba de hidrogénio, 750 vezes mais poderosa que as bombas de Hiroshima e Nagasaki, pelos EUA. A União Soviética teta a sua três anos depois, em 1955.
As superpotências criavam agora blocos militares com os seus aliados, como o pacto de Varsóvia, em 1955, do bloco socialista, que veio contrapor a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) fundada pelo bloco anticomunista em 1949.
O auge das tensões nucleares registou-se com a crise dos mísseis de Cuba, em 1962, em que os EUA eram ameaçados por um ataque nuclear soviético. A URSS concordou em retirar de Cuba os mísseis, evitando assim o confronto.
Depois da entrada do Reino Unido, China e França no grupo de detentores de armas nucleares, em 1973, as superpotências acordam em desacelerar a corrida ao armamento nuclear, é conhecido como o pacto de Détente.
Este último acordo durou até 1979, quando ocorreu a invasão do Afeganistão por parte da União Soviética.
A tensão entre os dois blocos diminui com a subida de Mikhail Gorbachov ao poder em 1985.
O início do fim da guerra fria é marcado pela queda do muro de Berlim que dividia a Alemanha, e era o marco da divisão do mundo, em 1989.
Aos poucos os regimes comunistas vão se dissolvendo, até que, em 1991, dá-se a desintegração do regime Soviético pondo fim aos conflitos entre comunistas e capitalistas.

O que é um sistema Comunista?

Quando se fala na guerra fria é impossível não falar em comunismo, não falar da União Soviética que tinha um sistema comunista, nos países sob influência comunista na Europa de leste, do Vietname, da China ou Cuba comunista. Isto, no entanto, coloca uma questão pertinente: O que é um sistema comunista?
Num período em que há um grande crescimento e rápido de todos os partidos comunistas, é difícil afirmar que todos os militantes seguiam a mesma linha ideológica. Pelo contrário, são facilmente visíveis as divergências entre os membros do partido, quer pela diversidade de ideologias, como o Marxismo, a adaptação de Lenine e o chamado Marxismo-Leninismo, o estalinismo , que ganhou influência com a subida de Stalin ao poder, do Maoísmo, com a revolução camponesa liderada pelo partido comunista Chinês (PCC), ou então todas as outras variantes existentes nesta ideologia.
Variedade era o que não faltava aos militantes comunistas, mas não nos podemos esquecer de que numa época de grande agitação, como a Segunda Guerra Mundial e o fim da mesma, seja natural que os quadros dos partidos sejam constituídos por alguns que, ainda de esquerda, não são necessariamente comunistas, mas sim socialistas. Então há outra questão fundamental a ser respondida antes de se explicar o que é um sistema comunista. Os comunistas não são socialistas?
Esta questão é igualmente pertinente, visto que, até a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), objecto de estudo fundamental no tema da Guerra Fria, se consideram um estado socialista e não comunista.
O comunismo é o estágio final de uma sociedade, em que esta seria auto-governante, sem estado e cooperativa assim como Marx e Lenine imaginaram. Assim, o socialismo é apenas uma estrada do tumultuoso caminho que o comunismo tem de percorrer. Os próprios pais do comunismo, Marx e Lenine, afirmaram que seriam precisas muitas revoluções para que se atingisse o verdadeiro estado Comunista.
Como Michael Lessnoff afirmou, estados como os EUA e Grã-Bretanha «são indubitavelmente mais socialistas do que a URSS ou a República Popular da China». Este teórico político defende que o controlo democrático da economia é um dos mais importantes, se não o principal, factor para a definição de um estado Socialista, contrapondo assim o controlo da economia realizado pelos sistemas comunistas.
Com isto ainda nos falta explicar o que é um sistema comunista, mais precisamente, a nível político, económico e ideológico.
Sistema Político
Um elemento comum num sistema Comunista é o papel do partido. Este monopólio do poder era, por vezes, chamado de «ditadura do proletariado».
Havia outras instituições importantes, como os ministérios do governo, as forças militares e a polícia, mas era obrigatório serem membros do partido. Todas as instituições eram supervisionadas por um departamento do Comité Central do partido. Ou seja, todas as instituições eram geridas por órgãos do partido que detinham uma autoridade superior a qualquer órgão.
Não só na URSS que se verificava a soberania do partido, como podemos ver nas constituições de novos países Comunistas da década de 70-80, também estes, foram marcados pela soberania do partido único. Entre os quais temos estados como o Vietname, que declarava na sua constituição que «O partido Comunista do Vietname, vanguarda e orientador da classe operária vietnamita, armado com o Marxismo-Leninismo, é a única força orientadora do estado e da sociedade e o principal factor na determinação dos êxitos da revolução vietnamita». Outro exemplo é a constituição de 1979 da República Popular da Mongólia em que podemos ler a seguinte frase: «Na RPM, a força orientadora e dirigente da sociedade e do estado é o partido Revolucionário Popular da Mongólia, o qual orientado nas suas actividades pela teoria vitoriosa do Marxismo-Leninismo»
Estas constituições, são assim muito semelhantes à soviética, como podemos ler no artigo 6 da constituição de 1977 que começava: «A força dirigente e orientadora da sociedade soviética e núcleo do seu sistema política, de todas as organizações estatais e públicas, é o partido Comunista da União Soviética».
A par com o centralismo do partido, está uma característica fundamental, o centralismo democrático – adoptado pelo pai do comunismo russo, Lenine, que dizia haver, efectivamente, discussão de questões até que uma fosse aprovada por voto, mas a partir do momento em que fosse aceite, esta questão tinha de ser, obrigatoriamente, seguida por todos os membros.
O centralismo democrático é visto com o opositor do centralismo burocrático, sendo o primeiro o bom e o segundo o mau, sendo que o centralismo burocrático implicava a ditadura dos líderes do partido sem consultar os seus membros. Na prática, não havia diferença entre os dois centralismos. No período de liderança de Estaline, o que seria correspondente a nossa assembleia, o politburo, não existia, sendo substituído por reuniões entre o líder soviético e alguns chefes políticos.
O poder dos ditadores comunistas era consolidado com o culto da personalidade, que elevaram Mao Tsé-Tung, na china, e Estaline na União soviética a um patamar mais elevado que o próprio Marx e Lenine.
 
Sistema económico
No sistema económico comunista temos duas importantes características, a pose de todos os meios de produção pelo estado e a economia de planeamento central, por oposição a uma economia de mercado.
Continua a haver alguma propriedade privada, alguma ilegal outra legal, sendo comum uma mistura.
Na agricultura havia algumas excepções a favor da propriedade privada, inclusive, nos sistemas comunistas da Jugoslávia e Polónia, o grosso da agricultura pertencia aos privados.
Contudo a produção não agrícola, como a indústria, era controlada pelo estado. Como qualquer regime comunista, o controlo dos meios de produção era um dos principais objectivos. 
A segunda característica económica aqui referida pode ser bem resumida por Philip Hanson, especialista em economia soviética.
 A diferença fundamental em relação a uma economia de mercado era que as decisões sobre o que devia ser produzido e em que quantidades, e a que preço a produção deveria ser vendida, resultavam de um processo hierárquico que culminava em ordens vindas «de cima» para todos os produtores; não resultavam de decisões descentralizadas com origem nas interacções entre clientes e fornecedores. Os produtores preocupavam-se, acima de tudo, em cumprir os objectivos dos decisores. Não tinham motivo para se preocuparem com os desejos dos utilizadores dos produtos, nem com a actividade dos competidores. Com efeito, o conceito de competição não existia: os outros produtores no mesmo ramo de actividade não eram adversários, mas sim camaradas na execução do plano estatal.
Esta economia de planeamento e delimitação da produção pode ser representada pelos planos quinquenais de Estaline, que definiam os números de produção muito ambiciosos. Estes planos tinham a duração de 5 anos e foram um sucesso, colocando a Rússia no topo das potências em apenas 10 anos, como se verificou no início da Segunda Grande Guerra em 1939.
Ideologia
As características ideológicas destes regimes são duas: o objectivo de edificar o comunismo e a inclusão num movimento internacional comunista.
O desejo da criação de uma sociedade sem classes, sem estado, livre de opressão, igualitária, ou seja, uma sociedade realmente comunista como Marx idealizara, e que era utilizada como a justificação dos meios, bem como um factor de união da população.
Se a verdadeira opinião de alguns líderes comunistas fosse a público, tanto esse líder, como o seu governo seria desacreditado. Ou seja, parte dos comunistas no poder já não lutavam pelo comunismo. Como na anedota do tempo de Khruschev dizia, o comunismo era como um horizonte, uma linha onde o véu e a terra pareciam encontrar-se, contudo, quando mais perto, mais longe ele estava. Um exemplo do cepticismo perante o comunismo é o último líder soviético, Mikhail Gorbachov, que era considerado um dedicado socialista e realizou reformas de abertura de mercado.
A segunda característica é importante pois, numa altura em que a URSS detinha grande influência, era fundamental para um partido, no poder ou na oposição, saber que contava com o apoio do Bloco Soviético.
Estaline defendera o «socialismo num único país», assim a criação da internacional comunista - Comintern – ia contra a doutrina do líder soviético, no entanto o Comintern, que contava com a participação todos os partidos comunistas, servia os interesses soviéticos acima de tudo
Sobre a importância do movimento comunista internacional Eric Hobsbawn, em 1969, escreveu:
Agora que o movimento comunista internacional deixou, em grande medida, de existir como tal, é difícil recuperar a imensa força que os seus membros iam buscar à consciência de serem soldados de um exército internacional único, levando a cabo, com variadas flexibilidades, uma única e grandiosa estratégia de revolução mundial. Daí a impossibilidade de qualquer conflito fundamental ou a longo prazo entre o interesse de um movimento nacional e Internacional, que era o verdadeiro partido, e do qual as unidades nacionais não passavam de secções disciplinadas.