sexta-feira, 18 de março de 2011

O poder nuclear

A descoberta da fusão nuclear remonta à Alemanha Nazi, a mais avançada em física na época. Os cientistas, Otto Hahn (1879-1968), prémio novel da química em 1944, Lise Meitner (1878-1968), Frite Strassman (1902-1980) e Otto Robert Frisch (1904-1979), conseguiram fundir urânio (U235) com outros átomos, libertando grandes quantidades de energia. Essa libertação de energia, se controlada, gera calor e pode ser utilizada para gerar energia eléctrica. Por sua vez, uma reacção descontrolada gera uma explosão.
Os cientistas da Alemanha, liderados por Werner Karl Heisenberg (1901-1996), conseguiram estabelecer os princípios teóricos para a construção da bomba nuclear.
É de destacar que parte destes cientistas eram considerados pacifistas, e não aceitavam necessariamente a ideologia nazi. Os cientistas foram eles mesmos vítimas do anti-semitismo presente no regime alemão, sendo perseguidos, principalmente, por motivos políticos ou raciais.
Hitler, mesmo sem dispor da bomba atómica, foi como se tivesse pressionado o gatilho nuclear.
Em 1939, o físico Albert Einstein (1879-1955) enviou uma carta ao presidente Norte Americano, Franklin Roosevelt, a avisar do desenvolvimento da bomba atómica por parte dos alemães. É desconhecida a real intenção desta carta, sendo apenas para avisar, ou como outros afirmam, para sugerir a construção de uma bomba nuclear americana.
Independentemente da intenção de Einstein o certo é que a resposta foi rápida. É criado o projecto Manhattan, em 1941, sob a direcção de Robert Oppenheimer (1905-1967) trabalharam cerca de 200 cientistas, como Enrico Formi (1901-1954), proveniente da Itália, um dos muitos cientistas que escaparam aos regimes autoritários europeus e um dos muitos cientistas que foram galardoados com o prémio Nobel. Foi conhecido como o “arquitecto da era nuclear”.
A construção da bomba e testes nucleares
O primeiro teste foi realizado com a bomba de plutónio (conhecido como “badgat”), testada numa região desértica no Novo México, a 16 de Julho de 1945.
Construíram outras duas bombas de urânio, uma chamada “Thin Man” (alterada para “Little Boy”), numa alusão a Roosevelt, e outra chamada “Fat Man” numa alusão a Winston Churchill.
Por esta altura Benito Mussolini havia sido fuzilado, a 28 de Abril de 1945, e dois dias depois Hitler tinha cometido suicídio, quando as tropas russas já controlavam parte da cidade de Berlim. A 7 de Maio, o exército alemão rendia-se. A guerra na Europa, por fim, estava terminada. No pacífico avistava-se a derrota japonesa.
Apesar do apelo de vários cientistas para que seja enviado um ultimato ao Japão, o presidente decide que o ataque surpresa com armas nucleares iria mesmo acontecer.
É então que, apenas três semanas após o primeiro teste, o bombardeiro B29, apelidado Enola Gay lançou a bomba “little Boy” sobre a cidade de Hiroshima, a 6 de Agosto. Três dias depois, “fat man” é lançada sobre Nagasaki.
Foram contabilizados cerca de 295.956 mortes. Destas apenas 25.375, em Hiroshima, e 13.298, em Nagasaki, morreram no dia da explosão.
O bombardeiro Enola Gay está exposto num museu Americano e é visto como um símbolo nacional.
Em 1952, os Estados Unidos criam a bomba de hidrogénio, 200 vezes mais poderosa que a atómica.
A bomba atómica soviética
A chefia do projecto nuclear soviético ficou entregue a Lavrenty Beria (1899-1953), um dos responsáveis pelo «Grande Expurgo» que matou quase 1.5 milhões de soviéticos.
O projecto nuclear começou nos arredores de Moscovo mas foi movido para Sarov, que desapareceu do mapa durante 45 anos, estando cercada permanentemente por forças militares.
Em 1949, no Cazaquistão, é testada a primeira bomba soviética, semelhante à lançada sobre Nagasaki. Este teste surpreendeu os Norte Americanos pelo curto espaço de tempo em que foi produzida.
Os Estados Unidos acusaram a União Soviética de roubar o segredo da bomba atómica, contudo essas acusações não são totalmente verdadeiras.
Havia, de facto, espiões a trabalhar no projecto Manhattan que obtinham informações confidenciais. O caso mais famoso foi o do casal Rosenberg, suspeitos da participação no “esquema Fuchs” (entrega de segredos nucleares aos soviéticos). A sua culpa nunca chegou a ser provada e o casal alegava que estava inocente, isso, no entanto, não impediu a sua condenação à pena de morte. Foram executados a 19 de Junho de 1953.
Contudo, nem os cientistas americanos tinham acesso a todo o projecto, assim as informações passadas pelos espiões eram apenas fragmentos. Beria, de forma a apressar a pesquisa e a testar as informações obtidas, vai dividir os seus cientistas em equipas mais pequenas, todas trabalhando no mesmo problema, comparando os resultados obtidos entre si, bem como com os americanos.
Os soviéticos testavam a bomba de hidrogénio em 1955, depois da sua descoberta em 1953.
Estavam, por fim, equivalentes os recursos de ambos os blocos.
Bombas nucleares como equilíbrio do terror
Durante o período da Guerra Fria, o poder nuclear foi usado como arma de defesa e simultaneamente como arma de ataque, contribuindo para que ambas as potências evitassem o confronto directo. Foi ainda usado como arma política e esteve na origem de vários conflitos que quase originavam esse confronto que a todo o custo se evitava, como a Crise dos Misseis de Cuba.
Bomba de Hiroshima - "Little Boy"

 



Plataforma de lançamento de mísseis nucleares


Sem comentários:

Enviar um comentário